segunda-feira, 7 de julho de 2025

O movimento de 1932

 Olá internautas!

Hoje vamos falar sobre o movimento de 1932. Você conhece qual a história por trás deste feriado que temos no estado de São Paulo ?


Durante os anos que precederam 1930, a política nacional era conciliada entre dois grupos políticos, que alternavam entre si o controle do Estado Nacional Brasileiro. O período ficou conhecido como República do café com leite, onde mineiros e paulistas tomavam conta das eleições, e por conseguinte, atendiam aos seus interesses enquanto representantes da República. 

A situação começou a mudar em 1930, quando Washington Luís decidiu apoiar a candidatura de Júlio Prestes, que também era paulista. Com isso, houve o rompimento de continuidade entre mineiros e paulistas, que desde o início da República, guiava os arranjos políticos e assegurava os interesses das elites, tanto a mineira quanto a paulista.


Como era de se esperar, a insatisfação dos mineiros com a situação gerou uma nova condição política, e ao invés deles apoiarem Júlio Prestes, os mineiros se tornaram oposição. A candidatura de Getúlio Vargas, foi a principal apoiada pela oposição. 


Durante as eleições, Júlio Prestes recebeu mais votos, e em uma eleição com oposição forte e com fraudes eleitorais, comuns do período, foi eleito presidente, superando toda a expectativa dos oposicionistas de superar a política de continuidade de Washington Luís. 


Os líderes da Aliança Liberal, tentaram até mesmo a adesão de Luís Carlos Prestes, um dos líderes da coluna prestes e um dos principais líderes militares, este, recusou o convite e se apartou de vez das elites políticas da época, quando se vinculou ao Partido Comunista. Os militares começaram a conspirar pelo golpe, para que Júlio Prestes não assumisse como presidente. A gota d'água foi quando João Pessoa foi assassinado, e a Aliança Liberal  viu um grupo de defensores do lado político dele ascender a uma revolta, que seria controlada pelo governo de Washington Luís. 


O controle imposto por Washington Luís, foi visto pelos oposicionistas como uma intervenção no Estado da Paraíba, com o intuito de enfraquecer os próprios oposicionistas da região. Foi a partir disso que os oposicionistas conseguiram forças para erguer um movimento revoltoso contra o até então presidente Washington Luís, e assim se deu: militares organizados na oposição batalhando contra os que estavam a mando do poder Federal para proteger o cargo de presidente.



Os legalistas, assim chamados os defensores da conjuntura política de Washington Luís, continuamente foram derrotados nas batalhas travadas. Até o momento em que o Presidente viu que não tinha mais capacidade de controlar o conflito, e no dia 24 de outubro de 1930, foi deposto e um governo provisório foi estabelecido por militares. 


O golpe aconteceu, e junto dele, Getúlio Vargas assumiu o poder. Desde a Constituição de 1824, foi a primeira vez que todos os cargos foram ocupados por militares e civis não eleitos. Para que conseguisse controlar as estruturas políticas municipais e estaduais, e impedir que os antigos grupos por ele deposto voltassem ao poder, criou um novo projeto de Nação para romper em definitivo com o modelo anterior. Posteriormente, criou leis de proteção ao trabalhador, mas também sufocou ao máximo as possibilidades de organização trabalhista, além de excluir os trabalhadores do campo deste plano de proteção.     


Getúlio não se mostrava aberto à conversas referentes à eleição. A partir de 1932, com o intuito de demonstrar disposição constitucional, criou o Código Eleitoral, que inviabilizou fraudes que antes eram comuns, atribuiu a participação feminina ao voto e também o voto secreto.

Entretanto, o governo não demonstrava abertura para eleições, mais parecia que Vargas queria manter o governo provisório como definitivo. Em 1932, as condições já não aparentavam tão favoráveis à Getúlio, os aliados e os opositores queriam as eleições imediatas. 


O descontentamento Paulista já estava aflorado devido à indisposição de Getúlio com a elite cafeeira paulista, que se organizava através de instituições próprias com sua produção e passou a ter o controle Nacional, pelo Conselho Nacional do Café, limitando a autonomia política do Estado.


Vargas nomeou quatro interventores para cuidar de São Paulo, os paulistas demonstraram-se incontroláveis e não aliados ao interesse do mesmo. Foi quando as coisas esquentaram em 1932, momento em que os paulistas alinharam sua pauta em oposição , com o intuito de convocar uma Assembleia Nacional Constitucionalista, para defender seus interesses. 



O movimento de 1932, foi um período onde os paulistas, movidos por um sentimento de revolta contra as decisões tomadas para o futuro do Estado, se uniram por uma causa, contra Getúlio Vargas que após golpe assumiu o poder e tomou decisões que não se alinhavam com os interesses da camada que tomava as decisões no Estado de São Paulo. 


O ressentimento político gerado entre os paulistas com a política que vinha sendo estabelecida por Vargas era tanta, que uma nova unidade se fortaleceu perante a essa questão, os paulistas que movidos por um sentimento de identificação com o Estado de São Paulo não como parte do Brasil, mas como um Estado soberano com o qual o orgulho se assemelha a um patriota regionalista, mas nem em todo caso eram separatistas, em casos, apenas queriam a deposição de Getúlio Vargas, que era consenso entre paulistas do movimento na época.


A bandeira levantada por São Paulo significava o retorno do poder da República e eleições, e por isso passou a ser chamada de “Revolução”. A dita revolução, não tinha interesses em romper com os antigos modelos já propostos e fixados na história do Brasil, como os tantos problemas agrários, que vindo da colônia e Império, perpetuam até hoje na república. 


A participação no movimento Paulista contou com batalhões de diversas regiões, inclusive do município de Paraibuna, onde combatentes estiveram presentes para lutar contra a política de Getúlio Vargas. Dentre eles, estavam José Tobias das Neves, Pedro Barbosa e Benedicto Dias de Carvalho.  



José Tobias das Neves, Cabo pelo pelotão da Companhia do Batalhão de Paraibuna, no dia 21 de setembro de 1932, em reconhecimento sobre Taquary, demonstra em sua fala o seu amor a bandeira de São Paulo, onde ele e seu batalhão se colocaram à disposição da causa paulista. Conta, que em uma batalha de 28 homens paulistas contra 800 opositores, os paulistas levaram vantagem na batalha e conseguiram combater os ditos “ditatoriais”.




Com a grande desvantagem numérica, os paulistas estavam em retirada do campo de Batalha, enquanto alguns não conseguiram se retirar e foram alvejados por tiros, inclusive o próprio Cabo José Tobias das Neves, este que não foi morto de início, mas ao ser intimado por três inimigos, preferiu pegar sua arma e alvejou dois deles, enquanto corria foi alvejado e morto. Conrado Mattos Junior contou essa história no jornal “Gazeta Popular”, em comemoração dos 5 anos do que para os paulistas se tornou um marco histórico, da disputa contra o Governo de Getúlio Vargas.


Com os paulistas se enfraquecendo cada vez mais, o exército Nacional conseguiu com que São Paulo assinasse sua rendição no dia 1º de outubro. Após isso, os líderes regionais foram ou exilados ou tiveram consequências com a justiça da época. As elites foram enfraquecidas e Getúlio conseguiu consolidar sua aliança com os militares, e posteriormente, em 1933, fixou a data de 3 de maio para a convocação de uma Assembleia Constituinte. 


Os paulistas foram derrotados durante esse levante, que não obedecia a interesses populares, os excluía e não previa a participação operária para evitar que o movimento virasse contra si. Ainda assim, o sentimento existente em São Paulo com esse movimento é de vitória, por terem lutado contra um governo que veio a partir de um golpe.




SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: Uma biografia. 1ª ed.São Paulo: Companhia Das Letras, 2015.


Nenhum comentário:

Postar um comentário